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Crianças e Cancro: Proteger a Fertilidade e a Saúde Pubertária do(a) seu(sua) Filho(a) – Children and Cancer: Protecting your Child’s Fertility and Healthy Puberty

Alguma vez ouviu “Tem cancro”? Tem entre 18 e 44 anos de idade?

Participe numa investigação, avaliando esta ficha informativa.

Porque é importante pensar agora sobre a fertilidade futura do(a) seu(sua) filho(a)?

Quando o(a) seu(sua) filho(a) tem uma doença oncológica, os tratamentos oncológicos são, claramente, a sua primeira prioridade. Atualmente, a maioria das crianças sobrevive à doença oncológica. Mas a fertilidade futura das crianças – a sua capacidade para conceber uma criança ou manter uma gravidez – pode ser ameaçada por algumas doenças e tratamentos oncológicos. Muitos pais desejam melhorar as hipóteses dos seus filhos poderem vir a ter os seus próprios filhos no futuro. Muitas vezes, a melhor altura para o fazer é antes do início dos tratamentos oncológicos. A seguir ao diagnóstico de doença oncológica e o mais brevemente possível, pergunte ao médico do(a) seu(sua) filho(a) sobre as técnicas de preservação da fertilidade disponíveis.

Como é que os tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade futura?

A quimioterapia pode danificar os ovócitos e os espermatozóides, assim como células nos ovários e nos testículos que produzem as hormonas sexuais.

A radiação pode prejudicar a fertilidade quando o tratamento é feito diretamente nos ovários ou nos testículos, perto da pélvis ou do abdómen, ou em todo o corpo. A infertilidade futura pode também ser um resultado possível da radiação no cérebro e na glândula pituitária (uma glândula produtora de hormonas, que se localiza na base do cérebro). O cérebro funciona em conjunto com a glândula pituitária para dar início aos processos associados à puberdade.

Nas raparigas, doses elevadas de radioterapia na pélvis podem prejudicar o útero, dificultando a possibilidade de engravidar e de prosseguir com uma gravidez.

Qual é a probabilidade de ficar infértil?

Nem todas as crianças ficam inférteis após os tratamentos oncológicos. O impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade depende de vários fatores, como por exemplo:

– Tipo e dose (quantidade) de quimioterapia

– Dose e local da radioterapia

– Local da cirurgia

– Nas raparigas, o estado da puberdade (a infertilidade pode ser menos provável quando o tratamento oncológico é realizado antes da puberdade)

Alguns fármacos oncológicos representam um maior risco de infertilidade que outros, tal como os tratamentos com múltiplos fármacos que são usados comummente no tratamento dos cancros pediátricos. O risco de infertilidade é também aumentado quando a criança tem de realizar radio e quimioterapia. É importante falar com o médico do(a) seu(sua) filho(a) sobre os seus riscos, dado que estes variam bastante de caso para caso.

Quais são as opções de preservação da fertilidade?

O médico do(a) seu(sua) filho(a) poderá referenciá-lo(a) para um especialista em Medicina da Reprodução para debaterem as opções disponíveis de preservação da fertilidade, que dependem do facto da criança já ter entrado, ou não, na puberdade. As crianças que já estão na puberdade têm mais técnicas disponíveis para preservarem a sua fertilidade. A maioria das crianças inicia a puberdade entre os 8 e os 13 anos de idade. A maioria dos rapazes começa a produzir espermatozóides aos 13 anos de idade.

As opções para rapazes pós-pubertários são:

– Criopreservação de espermatozóides. O congelamento (criopreservação) de espermatozóides é a forma mais bem sucedida de preservar a fertilidade antes dos tratamentos oncológicos. A masturbação é a forma mais comum de recolher sémen (o fluido que transporta os espermatozóides). Nos rapazes que não conseguem ejacular (ejetar sémen através do pénis), a estimulação vibracional ou elétrica pode ajudá-los. Os espermatozóides mantêm-se congelados até serem necessários. O congelamento, mesmo que durante vários anos, não prejudica os espermatozóides.

– Extração de espermatozóides do testículo. Mesmo que o sémen não contenha espermatozóides, estes podem existir nos testículos. O cirurgião poderá então remover pequenas partes do tecido testicular, enquanto o rapaz está sob o efeito de anestesia local ou geral, e depois remover e congelar os espermatozóides que estejam presentes nesse tecido. Esta técnica poderá ser uma opção antes ou depois dos tratamentos oncológicos.

– Proteção dos testículos durante a radioterapia. Por vezes é possível proteger os testículos da radiação durante o tratamento.

– Criopreservação de tecido testicular. Este é ainda um método experimental que está a ser testado. Este consiste na remoção e criopreservação de pequenos fragmentos do tecido testicular antes dos tratamentos oncológicos e na sua posterior reimplantação. Atualmente ainda não existem crianças nascidas por meio deste método.

As opções para raparigas pós-pubertárias são:

– Proteção pélvica durante a radioterapia. Poderá ser possível proteger um ou ambos os ovários da radiação durante o tratamento.

– Transposição ovárica. Antes da radioterapia na zona pélvica ou na região espinal, um ou ambos os ovários saudáveis são movidos, cirurgicamente, para outro local do corpo da doente fora da zona de radiação.

– Criopreservação de ovócitos. Este método consiste no congelamento e armazenamento de ovócitos não fecundados, requerendo um período de estimulação hormonal e constante monitorização com ecografia e análises sanguíneas durante, aproximadamente, duas semanas. O procedimento poderá, então, adiar o início dos tratamentos oncológicos e pode não ser uma opção para algumas raparigas. A criopreservação de embriões (ovócitos fecundados) é colocada como opção se a rapariga pretender utilizar espermatozóides do seu companheiro ou de um dador, que fecundem os seus ovócitos. No entanto, não é uma técnica comummente utilizada em raparigas adolescentes e esta requer, também, duas semanas de estimulação hormonal.

– Criopreservação de tecido ovárico. Este método experimental consiste na remoção de pequenos fragmentos de um ovário e no armazenamento do tecido congelado, para, após os tratamentos oncológicos, este ser reimplantado. Esta poderá não ser a opção adequada para raparigas com leucemia, dada a possibilidade de existirem células tumorais no tecido ovárico. O tecido poderá também ser usado para a maturação de folículos in vitro e a obtenção de ovócitos que poderão ser fecundados fora do corpo (já há uma criança nascida através deste método).

Antes da puberdade, as crianças têm menos opções porque não produzem espermatozóides, no caso dos rapazes, ou ovócitos maduros, no caso das raparigas. Assim, as suas únicas opções para preservarem a sua fertilidade são a proteção das gónadas da radiação, a criopreservação de tecido dos órgãos reprodutivos (testículos ou ovários), ou a transposição ovárica nas raparigas.

Como é que os tratamentos oncológicos afetam a puberdade nas crianças mais novas?

Os tratamentos oncológicos poderão atrasar ou adiantar a puberdade.

A puberdade precoce é um sinal físico de maturidade sexual antes dos 9 anos de idade, nos rapazes, e dos 8 anos, nas raparigas. Esta pode acontecer depois da radiação cerebral. A radiação pode causar a libertação precoce de hormonas do cérebro que sinalizam ao corpo o início da puberdade.

Considera-se que a puberdade foi adiada quando esta ainda não começou aos 14 anos de idade, nos rapazes, e aos 13 anos, nas raparigas. Esta pode também ocorrer depois de radiação cerebral, ou se os tratamentos prejudicam os testículos ou os ovários de modo a que estes não conseguem produzir hormonas sexuais.

Algumas crianças experienciam problemas emocionais e no ajustamento social por estarem adiantadas ou atrasadas em relação à sua maturidade sexual, em comparação com os seus pares.

Quais são os tratamentos para a puberdade precoce ou atrasada?

É possível parar a libertação das hormonas sexuais para tratar a puberdade precoce. Na maioria das vezes, este tratamento é cessado quando a criança alcança a idade adequada da puberdade.

As crianças com puberdade atrasada podem receber tratamento com estrogénios (raparigas) ou testosterona (rapazes) para adquirirem os sinais normais da puberdade.

O que pode fazer com esta informação?

O médico do(a) seu(sua) filho(a) poderá não debater o tópico da preservação da fertilidade ou o dos efeitos dos tratamentos oncológicos na puberdade. Assim, deverá falar sobre estes tópicos se estes o(a) preocupam. Ficam algumas questões que poderá expor ao médico:

– Quando é que o(a) meu(minha) filho(a) necessita de iniciar os tratamentos oncológicos?

– A doença oncológica ou os seus tratamentos irão afetar a fertilidade futura do(a) meu(minha) filho(a)?

– Quais são as opções para a preservação da fertilidade do(a) meu(minha) filho(a)?

– Quais são as taxas de sucesso de cada opção?

– Estes procedimentos estão cobertos pelo meu seguro de saúde?

– O(a) meu(minha) filho(a) está em risco de puberdade precoce ou atrasada?

Editores

A The Hormone Foundation®, a associada educational pública da The Endocrine Society®, é um recurso que pretende promover a prevenção, tratamento e cura de condições hormonais, através da sensibilização e educação da população em geral sobre a temática.

O Oncofertility Consortium® é uma iniciativa nacional e interdisciplinar projetada para explorar o futuro reprodutivo dos sobreviventes de doença oncológica.

O desenvolvimento desta ficha informativa foi apoiado por subsídios educacionais da Merck and EMD Serono.

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