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Homens e Cancro: Proteger a Fertilidade e Controlar os Sintomas Hormonais – Men and Cancer: Preserving Fertility and Managing Hormonal Symptoms

Alguma vez ouviu “Tem cancro”? Tem entre 18 e 44 anos de idade?

Participe numa investigação, avaliando esta ficha informativa.

Porque é importante pensar sobre a sua fertilidade perante o diagnóstico de doença oncológica?

A fertilidade masculina – capacidade para engravidar a mulher – pode ser prejudicada por alguns tratamentos oncológicos. Mesmo antes do início dos tratamentos oncológicos, alguns cancros, como o testicular e o Linfoma de Hodgkin, podem diminuir a contagem de espermatozóides. Muitos homens com doença oncológica querem ter filhos no futuro. Alguns homens podem não ter conhecimento da existência de opções para a preservação da sua fertilidade e que a melhor altura para o fazerem é antes dos tratamentos oncológicos.

A seguir ao diagnóstico de doença oncológica e o mais brevemente possível, pergunte ao seu médico sobre as técnicas de preservação da fertilidade disponíveis. Por vezes é possível escolher um plano de tratamento menos agressivo para a função reprodutiva.

Como é que os tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade futura?

A quimio e a radioterapias e algumas cirurgias podem causar problemas de fertilidade. A infertilidade pode ocorrer logo ou passados alguns meses e pode durar meses, anos ou ser permanente.

A quimioterapia pode reduzir ou parar a produção de espermatozóides, o que afeta a sua possibilidade de ter um filho. Para além disso, a terapia hormonal para o cancro da próstata também afeta, muitas vezes, a produção de espermatozóides.

A radioterapia pode diminuir a produção de espermatozóides quando o tratamento é em todo o corpo, testículos ou em certas áreas, como a pélvis (próximo dos testículos), a glândula pituitária (uma glândula produtora de hormonas, que se localiza na base do cérebro) e o cérebro. O cérebro funciona em conjunto com a glândula pituitária para sinalizar aos testículos a produção de espermatozóides e de testosterona, a hormona sexual principal.

A remoção dos dois testículos, cirurgicamente, cessa a produção de espermatozóides permanentemente. A remoção de apenas um testículo para o tratamento do cancro testicular pode diminuir a quantidade de espermatozóides produzidos. Apesar disto, os homens com cancro testicular podem conseguir vir a ter um filho, a não ser que o testículo restante não produza espermatozóides.

As cirurgias da próstata, da bexiga, do intestino grosso, da coluna, ou do reto podem prejudicar os nervos e tornar o homem incapaz de ejacular – ejetar sémen (líquido que transporta os espermatozóides) pelo pénis. Por vezes este tipo de cirurgia leva a que o sémen vá para a bexiga. Este problema, denomina-se de ejaculação retrógrada.

Qual é a probabilidade de ficar infértil?

Nem todos os homens ficam inférteis após os tratamentos oncológicos. O impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade depende de vários fatores, como por exemplo:

– Tipo e dose (quantidade) de quimioterapia

– Dose e local da radioterapia

– Local da cirurgia

– Idade (o risco de infertilidade aumenta com a idade)

– Função reprodutiva anterior aos tratamentos oncológicos

Alguns fármacos oncológicos representam um maior risco de infertilidade que outros. Se planeia fazer quimioterapia, pergunte ao seu médico (oncologista) quais as drogas que menos provavelmente afetarão a sua fertilidade.

Quais são as opções de preservação da fertilidade?

O seu médico poderá referenciá-lo para um especialista em tratar problemas de fertilidade masculina, como um Urologista ou um Endocrinologista.

Os tratamentos de preservação da fertilidade masculina incluem:

– Criopreservação de espermatozóides. O congelamento (criopreservação) de espermatozóides é a forma mais bem sucedida de preservar a fertilidade antes dos tratamentos oncológicos. A masturbação é a forma mais comum de recolher sémen. Nos homens que não conseguem ejacular, a estimulação vibracional ou elétrica pode ajudá-los. Os espermatozóides mantêm-se congelados até serem necessários. O congelamento, mesmo que durante vários anos, não prejudica os espermatozóides.

– Extração de espermatozóides do testículo. Mesmo que o sémen não contenha espermatozóides, estes podem existir nos testículos. O cirurgião poderá então remover pequenas partes do tecido testicular (biópsia), enquanto o doente está sob o efeito de anestesia local ou geral, e depois remover e congelar os espermatozóides que estejam presentes nesse tecido. Os espermatozóides recolhidos poderão também ser usados para fecundar os ovócitos da companheira do doente. Esta técnica poderá ser uma opção antes ou depois dos tratamentos oncológicos.

– Proteção dos testículos durante a radioterapia. Por vezes é possível proteger os testículos da radiação durante o tratamento.

Quais são as taxas de sucesso e os custos da preservação da fertilidade?

Muitos homens que fizeram tratamentos oncológicos têm filhos mais tarde. As taxas de sucesso da preservação da fertilidade variam consoante o tratamento oncológico. A probabilidade de uma gravidez com espermatozóides criopreservados é maior quanto maior for o número e a qualidade de espermatozóides. Tratamentos avançados de fertilidade podem, atualmente, originar uma gravidez através de um só espermatozóide.

A preservação da fertilidade pode ser feita no âmbito do Serviço Nacional de Saúde português, sem quaisquer custos para os doentes.

Quanto tempo deve esperar depois dos tratamentos oncológicos para tentar ter um filho?

Se fez quimio ou radioterapias, o seu médico poderá sugerir-lhe esperar um a dois anos ou mais após o final dos tratamentos oncológicos. Poderá ser necessário este tempo para se iniciar novamente a produção de espermatozóides saudáveis. Até lá, é fundamental o uso de preservativo ou de outra forma de método contraceptivo, mesmo que julgue estar infértil.

Quais são as opções caso fique infértil?

Se a função reprodutiva não é retomada depois dos tratamentos oncológicos, existem outras formas de constituir família, tais como receber espermatozóides de um dador ou a adoção. Algumas instituições de adoção podem colocar restrições a sobreviventes de doença oncológica, mas outras não o fazem.

Os sentimentos de raiva e de perda de controlo por não conseguir ter uma criança são frequentes. Poderá ser útil procurar ajuda psicológica ou frequentar um grupo de ajuda com pessoas inférteis (ver tabela de fontes abaixo).

Quais são os efeitos dos tratamentos oncológicos nas hormonas masculinas?

Os tratamentos oncológicos podem diminuir ou cessar a produção de testosterona. Quando os níveis desta hormona são abaixo do normal, estamos perante uma situação de hipogonadismo ou deficiência de androgénios. A remoção dos testículos, a radioterapia ou a quimioterapia podem diminuir os níveis de testosterona, assim como a terapia de privação de androgénios (terapia hormonal) para o cancro da próstata.

Alguns sintomas de níveis baixos de testosterona são:

– Impulso sexual diminuído

– Ereções fracas

– Baixa contagem de espermatozoides

– Pouca energia

– Mamas aumentadas e tensas

– Afrontamentos

Quais são os efeitos a longo-prazo na saúde de níveis baixos de testosterona?

Com o passar do tempo, níveis baixos de testosterona podem causar problemas de saúde, tais como:

– Perda de massa muscular (tamanho) e força

– Osteoporose – ossos frágeis, com maior risco de partirem

– Alterações de humor e depressão

– Aumento da gordura corporal

Quais são as opções para o tratamento dos sintomas de níveis baixos de testosterona?

A terapia de substituição de testosterona pode melhorar o desejo sexual e as ereções, assim como o humor, a energia, a densidade dos ossos, e o tamanho da massa muscular. Os homens com cancro da próstata ou da mama não devem tomar testosterona, assim como os homens que estejam a tentar ter um filho, dado que este tratamento diminui a produção de espermatozóides.

A gonadotrofina coriónica humana (hCG) é outro tipo de terapia hormonal. Este tratamento é uma opção para homens que queiram ter filhos mas têm uma contagem baixa de espermatozóides e de testosterona devido a problemas na glândula pituitária ou no cérebro. Este problema pode ocorrer devido à radioterapia ou a tumores na glândula pituitária ou cerebrais.

Para homens que não podem tomar testosterona, há outros tratamentos disponíveis para a depressão e a osteoporose. O seu médico poderá ajudá-lo a encontrar o tratamento mais adequado para si.

O que pode fazer com esta informação?

O seu médico poderá não debater o tópico da preservação da fertilidade ou o dos níveis reduzidos de testosterona. Assim, deverá falar sobre estes tópicos se estes o preocupam. Ficam algumas questões que poderá expor ao médico:

– Quando é que necessito de iniciar os tratamentos oncológicos?

– A minha doença oncológica ou os seus tratamentos irão afetar a minha fertilidade futura?

– O que posso fazer agora se quiser ter filhos no futuro?

– Alguma destas opções de tratamento tornam os meus tratamentos oncológicos menos eficazes ou aumentam a probabilidade de recorrência da doença?

– Posso criopreservar espermatozóides tendo já começado os tratamentos oncológicos?

– Os meus tratamentos oncológicos diminuirão os meus níveis de testosterona? Se sim, o que posso fazer sobre isto?

Editores

A The Hormone Foundation®, a associada educational pública da The Endocrine Society®, é um recurso que pretende promover a prevenção, tratamento e cura de condições hormonais, através da sensibilização e educação da população em geral sobre a temática.

O Oncofertility Consortium® é uma iniciativa nacional e interdisciplinar projetada para explorar o futuro reprodutivo dos sobreviventes de doença oncológica.

O desenvolvimento desta ficha informativa foi apoiado por subsídios educacionais da Merck and EMD Serono.

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