Jump to Navigation

Mulheres e Cancro: Controlo de Sintomas Hormonais – Women and Cancer: Managing Hormonal Symptoms

Alguma vez ouviu “Tem cancro”? Tem entre 18 e 44 anos de idade?

Participe numa investigação, avaliando esta ficha informativa.

Como é que os tratamentos oncológicos podem afetar as hormonas femininas?

Os tratamentos oncológicos podem afetar as hormonas de diversas formas. Alguns tratamentos oncológicos, como a quimioterapia e a radiação pélvica, podem prejudicar os seus ovários cessando a sua atividade em termos de produção de estrogénios e progesterona. Para além disso, o dano da radiação na glândula pituitária pode afetar as suas hormonas, já que esta glândula, localizada na base do cérebro, sinaliza aos ovários a necessidade de produção de hormonas e de desenvolvimento de ovócitos.

Dado que os estrogénios e a progesterona controlam os ciclos menstruais, estes poderão ficar irregulares ou ausentes por algum tempo durante ou após os tratamentos oncológicos.

Os seus ciclos menstruais poderão continuar ou voltar a aparecer após os tratamentos, mas é importante saber que ter ciclos menstruais não significa que se é fértil. Em alguns casos, os ciclos menstruais poderão não reaparecer. Existe ainda uma pequena probabilidade de poder engravidar mesmo quando os ciclos menstruais estão ausentes.

Os tratamentos oncológicos aumentam a probabilidade de entrar em menopausa precocemente (normalmente, a menopausa ocorre, aproximadamente, aos 50-52 anos de idade). Se os seus ciclos menstruais desaparecerem antes dos 40 anos, então estará em menopausa prematura.

A remoção dos dois ováricos cirurgicamente leva à diminuição repentina dos níveis de estrogénios e à entrada imediata na menopausa, que se denomina como menopausa cirúrgica.

Alguns fármacos aconselhados em casos de cancro da mama – inibidores da aromatase e moduladores seletivos dos recetores de estrogénio (SERMs) como o tamoxifeno – afetam as hormonas, podendo originar sintomas semelhantes aos da menopausa.

Quais são os sintomas de menopausa?

A menopausa permanente ou temporária pode causa alguns destes sintomas, entre outros:

– Afrontamentos ou suores noturnos

– Secura ou prurido vaginal

– Dor nas relações sexuais

– Dificuldades no sono

– Irritabilidade, mudanças de humor, ansiedade, ou depressão

A menopausa súbita devido a uma intervenção cirúrgica ou a outros tratamentos associados à doença oncológica pode causar sintomas mais dolorosos que os da menopausa natural. Estes sintomas podem ter um maior impacto na qualidade de vida da mulher. Alguns sintomas podem desaparecer com o passar do tempo sem tratamento; outros podem ter de ser tratados pelo seu médico. A menopausa prematura também aumenta o risco de problemas de saúde a longo prazo.

Quais são os riscos na saúde a longo prazo da menopausa prematura?

As mulheres que têm menopausa prematura e não tomam hormonas vivem mais anos com níveis mais baixos de estrogénios do que as mulheres que entram na menopausa mais tarde. Assim, estas têm mais risco de doenças associadas à falta de estrogénios, tais como problemas cardíacos e osteoporose. A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela menor densidade dos ossos, que têm maior probabilidade de partirem.

A terapêutica hormonal após a menopausa é segura para mulheres com doença oncológica?

A hormonoterapia (HT) é o tratamento mais eficaz para os sintomas de menopausa. Nas mulheres com útero, a HT associa duas hormonas: os estrogénios e a progesterona. A progesterona ajuda a proteger o útero do cancro uterino. As mulheres que tiveram de ser submetidas a histerectomia (remoção do útero cirurgicamente) tomam apenas estrogénios.

Para além de ajudar no alívio dos afrontamentos e de outros sintomas da menopausa, a HT ajuda na prevenção da osteoporose. No entanto, em mulheres mais velhas e pós-menopausa, a HT pode aumentar o risco de cancro da mama, de problemas cardíacos e de enfartes. Em mulheres mais jovens, estes riscos são mais reduzidos e, de modo geral, os benefícios da HT superam os seus riscos.

Algumas mulheres não devem fazer terapêutica hormonal, tais como as mulheres com cancro da mama ou com elevado risco para esta doença oncológica, e mulheres com doenças cardíacas, história de enfarte ou de coágulos sanguíneos.

A HT pode ser feita por via oral ou através de uma aplicação na pele em forma de gel ou selo. Doses reduzidas de estrogénio em cremes ou pastilhas inseridas na vagina, podem melhorar os sintomas vaginais da menopausa.

Por quanto tempo pode fazer terapêutica hormonal?

Pode continuar com a HT até aos 50 anos. Se já estiver neste grupo etário e está a iniciar a terapêutica hormonal para afrontamentos, o seu médico poderá querer receitar-lhe a dose mais reduzida que funcione pelo mais curto período de tempo necessário para melhorar os seus sintomas. Pergunte ao seu médico por quanto tempo deverá fazer a HT. Se necessário, algumas mulheres jovens podem fazer HT durante vários anos.

Quais são as outras opções para além da terapêutica hormonal?

Como há algumas mulheres que não podem ou não querem tomar hormonas, tem sido estudado o efeito de outros tratamentos sem estrogénios no alívio dos afrontamentos. Os fármacos que diminuem os afrontamentos incluem:

– Antidepressivos denominados por SSRIs (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) e SNRIs (inibidores da recaptação da serotonina e da norepinefrina)

– Gabapentina, um fármaco usado para tratar a epilepsia

– Clonidina, um fármaco usado para tratar a tensão arterial elevada

Alguns tratamentos para os sintomas da menopausa não necessitam de receita médica, tais como:

– Técnicas de relaxamento: Respiração pausada e a hipnose parecem ajudar a diminuir os afrontamentos em algumas mulheres

– Mudanças no estilo de vida: Se os seus afrontamentos são suaves, poderá sentir algum alívio se mantiver o seu corpo fresco, através do uso de roupas largas, de beber pequenos goles de bebidas frias e de manter as divisões frescas. As comidas apimentadas podem agravar os afrontamentos.

– Lubrificantes e hidratantes vaginais: Estes não contêm estrogénios mas podem ajudar a diminuir a secura vaginal e as dores durante as relações sexuais.

A investigação revela que os produtos naturais, como os produtos de soja ou os suplementos de ervas não ajudam a diminuir os afrontamentos. No entanto, algumas mulheres referem benefícios com estes produtos. Os produtos de soja contêm uma forma suave de estrogénios. A segurança de muitos outros produtos naturais ainda não é clara. Fale com o seu médico antes de usar estes produtos.

Quais são os outros tratamentos para os riscos na saúde a longo prazo da menopausa?

Para manter a saúde dos seus ossos após a menopausa, deve consumir entre 1200 a 1500mg de cálcio diariamente através do que ingere e de suplementos, se necessário. As mulheres devem consumir pelo menos 600IU de vitamina D por dia, mas algumas necessitam de doses superiores. O exercício físico diário pode também proteger os seus ossos e a sua saúde cardíaca.

Alguns fármacos que tratam ou previnem a perda de densidade óssea após a menopausa incluem bisfosfonatos, raloxifeno (um fármaco que também diminui o risco de cancro da mama invasivo) e calcitonina.

Os níveis de colesterol podem também ficar elevados depois da menopausa. Se necessário, as estatinas ou outros fármacos podem diminuir os níveis de colesterol.

Estes tópicos são particularmente importantes para a saúde a longo-prazo, dado que as sobreviventes de doença oncológica podem entrar na menopausa mais cedo do que as mulheres que não tiveram cancro.

Como é que os tratamentos oncológicos afetam a saúde sexual?

Os tratamentos oncológicos e a menopausa prematura podem afetar os aspetos emocionais e físicos da sexualidade. A secura e o estreitamento vaginal podem provocar dores durante as relações sexuais. A fadiga resultante dos tratamentos oncológicos pode diminuir a sua energia para as relações sexuais. A menopausa e alguns fármacos podem diminuir o seu impulso sexual. Alguns efeitos secundários dos tratamentos oncológicos podem também levar a que as doentes não se sintam atraentes ou confortáveis com a sua imagem. Pergunte ao seu médico quais são os tratamentos que podem aliviar os seus sintomas e o que mais pode fazer para melhorar a sua saúde sexual. O seu médico poderá também referenciá-lo para um especialista da área, se necessário.

O que pode fazer com esta informação?

Fale com o seu médico se os seus tratamentos oncológicos estiverem a causar efeitos secundários desconfortáveis ou se estiver preocupada com problemas futuros. Ficam algumas questões que poderá expor ao seu médico:

– Os meus tratamentos oncológicos vão levar-me a entrar na menopausa?

– Se os meus ciclos menstruais cessarem, estes irão começar novamente?

– Existe algo que eu possa fazer para prevenir a menopausa prematura?

– Quais são os problemas associados à menopausa prematura ou precoce?

– Posso fazer terapêutica hormonal? Quais são os seus benefícios e riscos?

– Se eu não devo fazer terapêutica hormonal, quais são as minhas outras opções?

– Como posso proteger os meus ossos e a minha saúde cardíaca depois da menopausa?

– Como é que os meus tratamentos oncológicos ou a menopausa prematura afetam a minha vida sexual? O que posso fazer acerca disso?

– Existem outros aspetos sobre a menopausa prematura aos quais devo estar atenta?

Editores

A The Hormone Foundation®, a associada educational pública da The Endocrine Society®, é um recurso que pretende promover a prevenção, tratamento e cura de condições hormonais, através da sensibilização e educação da população em geral sobre a temática.

O Oncofertility Consortium® é uma iniciativa nacional e interdisciplinar projetada para explorar o futuro reprodutivo dos sobreviventes de doença oncológica.

O desenvolvimento desta ficha informativa foi apoiado por subsídios educacionais da Merck and EMD Serono.

Back To Top